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O Brasil no centro da nova economia climática: potencial, comparações internacionais e os próximos 5 anos no mercado de carbono.

  • Foto do escritor: Arlem Carvalho
    Arlem Carvalho
  • 12 de jul.
  • 4 min de leitura

A oportunidade verde que não pode ser desperdiçada.


Nos próximos anos, o Brasil tem tudo para se tornar um dos maiores protagonistas globais do mercado de carbono. A combinação entre território vasto, cobertura florestal nativa, matriz energética majoritariamente limpa e forte vocação agroambiental coloca o país numa posição única no mundo: a de transformar ativos naturais em valor econômico com lastro climático e responsabilidade socioambiental.

Empresa verde
Ceará, Brasil.

Esse potencial, que já vinha sendo debatido há mais de uma década, começa agora a ganhar forma concreta com o avanço da regulamentação do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE), instituído pela Lei nº 14.933/2024 (Marco Legal da Mudança do Clima). O Brasil finalmente sinaliza ao mundo que está pronto para participar do mercado regulado de carbono — e isso tem implicações relevantes para empresas, proprietários rurais, investidores e para toda a estratégia nacional de desenvolvimento sustentável.


Mas o que podemos esperar dos próximos cinco anos? E como o Brasil se posiciona frente a países que já regulam suas emissões há décadas?


O que o Brasil tem — e o que está construindo.

O Brasil reúne três fatores críticos que o tornam altamente competitivo no mercado de carbono:


  1. Bioma nativo preservado: cerca de 60% do território brasileiro ainda mantém cobertura vegetal nativa. Isso representa potencial massivo para geração de créditos de carbono por conservação, manejo florestal e REDD+.

  2. Agricultura e uso da terra: práticas de regeneração, plantio direto, sequestro de carbono no solo e sistemas agroflorestais abrem oportunidades para créditos por remoção, com co-benefícios sociais e econômicos.

  3. Matriz energética limpa: cerca de 85% da eletricidade gerada no Brasil já vem de fontes renováveis, o que permite à indústria brasileira emitir menos e, portanto, operar com vantagem em mercados regulados.


Com a regulamentação do SBCE, o país cria um ambiente institucional mais previsível e confiável. Isso é fundamental para atrair investidores, valorizar ativos ambientais e estimular projetos com padrão técnico reconhecido — inclusive com aceitação internacional.


O que aprendemos com outros países

Enquanto o Brasil inicia seu sistema nacional regulado, diversas jurisdições já acumulam experiência:


  • União Europeia: o EU ETS (Emissions Trading System) opera desde 2005 e cobre mais de 10 mil instalações industriais. A regulação rigorosa criou incentivos reais à descarbonização.

  • Califórnia: com regras robustas desde 2013, o estado americano combina mercado regulado com forte engajamento de atores privados, resultando em inovação e precificação eficiente do carbono.

  • Coreia do Sul: o K-ETS tornou-se referência em integração entre políticas industriais e ambientais, mostrando que o carbono pode se tornar uma nova “moeda de competitividade”.


Essas experiências mostram que a previsibilidade regulatória, o monitoramento eficiente e a governança multissetorial são essenciais para o sucesso do sistema. E também que o tempo de maturação de um mercado regulado gira entre 3 a 5 anos para atingir volume, liquidez e credibilidade.


O que esperar para os próximos 5 anos no Brasil

A expectativa, com base no cenário atual e nas diretrizes legais em construção, é que:


2025–2026

  • Entrada em vigor do SBCE com fases de transição e definição dos setores inicialmente obrigados.

  • Consolidação dos mecanismos de MRV (monitoramento, reporte e verificação).

  • Aumento de projetos nacionais para geração de créditos — tanto no mercado regulado quanto no voluntário.

  • Crescimento da demanda empresarial por inventários, contratos de compensação e due diligence climática.


2027–2028

  • Leilões ou autorizações iniciais no mercado regulado, com cotas de emissões setoriais.

  • Estabilização do preço nacional da tonelada de CO₂, criando base para negociações bilaterais e aceitação internacional.

  • Primeiras transações de longo prazo (contratos de fornecimento de créditos com hedge regulatório).


2029–2030

  • Consolidação de um mercado de carbono nacional líquido, com integração parcial ao Artigo 6 do Acordo de Paris.

  • Fortalecimento de instrumentos legais e fiscais (ex.: incentivos para projetos regenerativos ou compensatórios).

  • Participação relevante do Brasil como exportador de créditos e hub latino-americano de soluções climáticas.


Onde entra a segurança jurídica?

Nenhum mercado de carbono — por mais promissor que seja — se sustenta sem confiança.


E a confiança se constrói com contratos claros, titularidade bem definida, riscos mapeados e governança robusta.


Empresas e proprietários que desejam operar nesse ambiente precisarão de suporte jurídico estratégico para:


  • analisar elegibilidade e regularização fundiária de áreas com potencial climático;

  • estruturar projetos com base em contratos seguros e metodologias reconhecidas;

  • negociar a compra e venda de créditos com rastreabilidade e previsibilidade legal;

  • planejar participação no SBCE com respaldo documental e conformidade regulatória.


Conclusão: o futuro do carbono é brasileiro — mas será jurídico também.


Nos próximos cinco anos, o Brasil terá a chance histórica de liderar o mercado climático internacional com uma abordagem inovadora e inclusiva. Mas isso só será possível se o avanço técnico e ambiental caminhar ao lado da segurança jurídica.


No Núcleo CarbonoID, atuamos exatamente nesse ponto de equilíbrio. Nosso trabalho é traduzir esse novo mercado para quem deseja operar com solidez, clareza e visão de longo prazo.


Se você é empresa, proprietário rural ou investidor e enxerga no carbono uma nova fronteira de valor, o tempo de se estruturar é agora.

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